A arte de tomar decisões certas
- Eduardo Martins
- 24 de dez. de 2021
- 3 min de leitura

Quem nunca tomou uma decisão no “calor da emoção” e veio a se arrepender mais tarde?
Teria sido melhor não ter decidido naquele momento? Quem poderia ter sido consultado antes de tomar a decisão? Quais teriam sido as consequências?
Todas essas perguntas dizem respeito à virtude da Prudência, também considerada a guia de todas as outras virtudes que apresentei em vídeos aqui no site: Magnanimidade, Humildade, Fortaleza, Autodomínio e Justiça.
Para praticar a Prudência, é necessário, acima de tudo, a boa vontade de realizar o bem. É essa virtude que nos faz tomar decisões acertadas e eficazes.
O exercício da Prudência pode ser dividido em 2 partes: a Deliberação, orientada para o entendimento da realidade, o Juízo e a Decisão, voltados para a ação.
Talvez a sabedoria popular tenha criado uma falsa impressão sobre essa virtude, associando a pessoa prudente àquela que pensa demais, vê riscos demais e então acaba por não agir.
Alguém assim não é prudente, pois indecisão e falta de ação nada têm a ver com Prudência.
Aliás, Hamlet, a peça de Shakespeare, é um bom exemplo do que o desejo obsessivo de certeza causa na hora de agir. Essa obra-prima de Shakespeare é uma verdadeira “tragédia” sobre a indecisão ou inação.
A Deliberação no exercício da Prudência consiste em analisar os fatos à luz da razão, usar a régua moral para discernir o que é bom daquilo que não é.
Nesse caso, as experiências vividas no passado são uma fonte poderosa de consulta pois nos informam o que funcionou e gerou bons frutos e o que não funcionou e produziu consequências negativas.
As lições da Escola da Vida nos guiam no caminho da escolha antes de partir para a ação.
Mais do que escolher, a Prudência quer nos levar a decidir. É para isso que nos serve esta virtude que é também chamada de “a sabedoria da ação”.
É esperado, portanto, o exercício da previsão; imaginar como será a realidade depois da ação, quais serão as possíveis consequências, tanto positivas quanto negativas, daquilo que estamos deliberando.
A raiz etimológica de Prudência não nos deixa dúvida! Refere-se ao verbo latim providere, que significa tanto prever como prover.
Finalmente, pedir conselhos a pessoas experientes que têm conhecimento de causa sobre o assunto em questão, que nos conheçam e queiram bem, capazes de nos contradizer se preciso for, é boa prática de quem quer tomar boas decisões.
No Juízo e Decisão, cabe avaliar os prós e contras das soluções alternativas e as consequências que podem derivar da ação ou decisão a ser tomada.
A capacidade de ver longe e colher a tempo os efeitos futuros são um dos elementos mais significativos da virtude nesta etapa.
Certamente, uma boa deliberação nos dá uma vantagem significativa pois torna claro o objetivo a ser alcançado, o fim último que buscamos. Assim se evita agir por precipitação ou impulso.
Por outro lado, quando a decisão está tomada, devemos agir com rapidez. Deixar para amanhã o que já foi decidido é dissipar tempo precioso que nunca mais retornará.
É por isso que a pessoa prudente toma riscos e frequentemente o faz com coragem e audácia.
Mas, mesmo decisões tomadas de forma prudente podem resultar em erros. Isso não significa que foram más decisões, mas certamente serão fonte de aprendizado para fortalecer ainda mais a capacidade de decisão no futuro.
Como diz Peter Drucker, “ninguém aprende, senão cometendo erros”.
Portanto, o líder prudente não deve ser julgado baseando-se nos resultados de algumas de suas decisões, mas sim pela totalidade dos resultados obtidos durante a sua liderança.
Estamos caminhando para o final do ano, momento em que fazemos um balanço dos objetivos alcançados, do resultado das nossas decisões. Um novo ciclo se inicia em breve.
A nível pessoal, a tradicional temporada de Resoluções para o novo ano se abre com todos os planos de mudança que na sua maioria não passam de janeiro. Por que será? Por falta de Prudência!
Não seria, portanto, PRUDENTE começar com alguma antecedência, deliberar reunindo mais informações, aconselhar-se com pessoas experientes e calibrar os seus objetivos, pesando prós e contras das alternativas disponíveis?
Será que assim se aumentam as chances das RESOLUÇÕES para o novo ano se tornarem DECISÕES que comecem a ser implementadas a partir de 1o de janeiro?
Seja sua liderança rica em Prudência na vida profissional e pessoal.
Conhecer. Ser. Crescer. Conhecer-se para Crescer. É tempo de crescer!
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