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Liderança é uma questão de química


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Pare por um instante e liste as pessoas que você segue naturalmente. Não estou falando aqui de contas de redes sociais. Me refiro aquelas pessoas que conquistaram o status de Líderes na sua vida. Não restrinja o universo que você está vasculhando ao profissional. Considere todos os ambientes em que relações sociais são estabelecidas.


Quem são os seus líderes?


Há pelo menos duas conclusões que você vai tirar ao identificá-los.


1) Seus melhores exemplos de Liderança podem vir de casa


Pode parecer óbvio que um pai, uma mãe, um avô, uma avó ou algum familiar figure na lista de seus principais líderes pelo papel de educadores que desempenharam na sua vida.


Mas, isso acontece porque através deles aprendemos o que é colocar os interesses dos outros na frente dos próprios. A mensagem é clara: aquela pessoa está disposta a se sacrificar por mim.


Isso lhe confere o status de Liderança, porque perto dela nos sentimos mais seguros, confiantes, protegidos. A elas, oferecemos nossa lealdade porque agem buscando o nosso melhor.


2) Posição hierárquica não confere Liderança


Você reparou que, na busca por exemplos de Liderança, o organograma da empresa não retornou um número de líderes igual ao número de posições hierárquicas acima da sua? Por que será?


Isso tem uma explicação: autoridade não é sinônimo de Liderança.


Seguimos a orientação de um(a) chefe se a ele(a) estamos subordinados por uma questão de hierarquia. Mas, seguimos um(a) Líder se percebemos uma motivação genuína pelo nosso bem-estar, uma disposição em servir os nossos interesses, até mesmo sacrificando os próprios.


Por que funcionamos assim? A resposta está na biologia e na química.


É Simon Sinek quem nos explica.


“Somos uma espécie altamente social, cuja sobrevivência e capacidade de prosperar depende da ajuda de outros. E quando trabalhamos para nos ajudar mutuamente, nossos corpos nos recompensam por nosso esforço para que continuemos a fazê-lo”.


São substâncias químicas ou hormônios que nos predispõem a entrar em ação em busca de uma recompensa. Elas nos proporcionam uma sensação de bem-estar ou sentimentos positivos de felicidade, orgulho, alegria e confiança, mas também de sentimentos negativos como ansiedade.


Vamos focar nos positivos, por ora. Os hormônios são Endorfina, Dopamina, Serotonina e Ocitocina.


Todas eles nos dão uma sensação de prazer. O que muda entre eles é o tempo de duração em nossos corpos, e o que provoca sua liberação.


A Endorfina é o hormônio liberado quando estamos empenhados em uma tarefa que nos requer esforço. Sua liberação tem o efeito de mascarar a dor para que não fiquemos pelo meio do caminho.


Os praticantes de atividades físicas rapidamente descobrem seu efeito poderoso para combater o estresse.


Por essa descoberta, a atividade física entre profissionais tem passado cada vez mais de hobby a estratégia de saúde mental, praticada antes ou depois de um dia de trabalho.


Já a Dopamina é o hormônio do progresso. É a sua liberação que nos faz manter o foco na tarefa em questão. Experimentamos a Dopamina sempre que riscamos um item da nossa lista de pendências, que cumprimos uma ação na direção de um objetivo.


Quanto mais difícil a tarefa a ser cumprida e consequentemente o esforço para realiza-la, maior será a descarga de dopamina ao final dela.


Não é à toa que os manuais de Produtividade recomendam: “First, eat the frog”. Comece o seu dia de trabalho pelas atividades mais difíceis. O incentivo químico recebido nas primeiras horas da sua agenda perdurará por uma boa parte dela, facilitando o cumprimento de todas as outras atividades pela frente.


A dupla Endorfina e Dopamina são responsáveis pela Vitória Pessoal. É a gratificação que recebemos para “vencer na competição da vida”.


Estão associadas aos três primeiros hábitos da famosa obra de Stephen Covey “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”:

  • Seja proativo

  • Comece com o objetivo em mente

  • Primeiro o mais importante

Ocorre que nossas chances de sucesso são muito maiores quando trabalhamos juntos, quando nos ajudamos mutuamente. A Natureza já nos predispôs assim, incentivando o comportamento social.


Tanto a Serotonina quanto a Ocitocina são liberadas quando é o outro o foco da nossa atenção, ou quando somos nós o foco da atenção do outro.


A Serotonina é o hormônio do orgulho. Experimentamos seu efeito sempre que somos reconhecidos, nos percebemos valorizados, respeitados pelas outras pessoas. Isso é o que explica a nossa busca por símbolos de status, seja lá o que importa para você.


Por exemplo, a conclusão de um curso relevante para sua atuação profissional é uma descarga poderosa de Dopamina. Mas, o seu compartilhamento no LinkedIn vai disparar uma dose de Serotonina, capaz de perpetuar a gratificação pelo esforço empenhado por mais tempo, porque teremos a percepção de um maior valor perante o grupo a que pertencemos (ou queremos pertencer).


Já a Ocitocina é o hormônio da amizade, da confiança profunda. Ela está na raiz das boas ações. Quando fazemos algo de bom para alguém, ou quando alguém faz algo de bom para nós, aquele sentimento positivo é resultado da Ocitocina correndo em nossas veias.


Quando cuidamos ou nos percebemos cuidados, experimentamos a Ocitocina. A consequência é nos sentirmos parte do grupo, seguros, confiantes, comprometidos uns com os outros.


A Serotonina e a Ocitocina são os hormônios da Vitória Pública. Que não fique dúvida como Stephen Covey organizou sua obra. Os hábitos #4, #5 e #6 são uma evolução para quem quer alcançar maior eficácia na vida:

  • Pense Ganha/Ganha

  • Procure primeiro compreender, depois ser compreendido

  • Crie sinergia

Alcançamos mais, chegamos mais longe quando cooperamos e nos ajudamos mutuamente.


É por isso que precisamos de Líderes. Bons Líderes, aqueles que entendem de biologia e química conceitualmente ou instintivamente.


Líderes que saibam que reconhecer um trabalho bem feito (ou ainda por completar) é nos dar um incentivo para fazer trabalhos cada vez melhores.


Líderes que se importam não apenas com o resultado financeiro que estamos gerando mas se estamos aprendendo na velocidade que precisamos para crescer em nossas carreiras e assumir desafios cada vez maiores.


Líderes que comuniquem uma visão, definam uma missão, estabeleçam metas claras, e acima de tudo, avancem na realização dos objetivos nos mobilizando mais pela força do exemplo do que pela eloquência do discurso.


Líderes que estejam dispostos a colocar o bem-estar do time em primeiro lugar quando situações adversas acontecem (ex. Pandemia)


Líderes que cobrem por resultados cada vez melhores e nos inspirem a buscar desafios cada vez maiores, porque estão agindo no nosso interesse, além dos da organização, antes dos próprios interesses.


Esses líderes aprenderam a equilibrar o sistema de incentivos químicos que temos em nosso organismo. Descobriram que não podemos motivar os outros por si mesmos.


A motivação de cada um é resultado da combinação destas quatro substâncias químicas: Endorfina, Dopamina, Serotonina e Ocitocina.


Enquanto as duas primeiras nos servem muito bem enquanto indivíduos agindo no seu melhor interesse, as outras duas fortalecem os vínculos de confiança e amizade para cuidarmos uns dos outros.


Um ditado africano explica de forma simples qual a combinação ideal das quatro substâncias, dependendo do seu objetivo.


Se quiser chegar mais rápido, vá sozinho. Se quiser chegar mais longe, vá acompanhado.

Você saberá, das pessoas ao seu redor, qual das duas opções é a que tem vivido. Escolha seus líderes assim!


Conhecer. Ser. Crescer. Conhecer-se para crescer. É tempo de crescer!

 
 
 

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